A culpa ferra-nos os dentes

Um bloguista com quem nunca me encontrei, veio dizer-me que aquilo que me estava a preparar para fazer ao meu pai era muito feio. Apontava-me o dedo e dizia, "Isabela, grande erro, o respeito pelos pais é sagrado. Como podes fazê-lo?!"
Não me lembro do seu nome, embora tenha a noção de que era um bloguista relativamente famoso ou até talvez mais do que apenas relativamente. Alguém que no passado me tinha lido, e junto de quem eu mantinha alguns créditos literários, apesar de com o tempo ter ficado desiludido com os meus temas, e ter deixado de me ler por me considerar "demasiado radical e escatológica". Era uma figura tutelar, o que é estranho, porque eu não tenho figuras tutelares na blogosfera.
Ouvia-o e pensava, "tarde demais, meu amigo, penses o que pensares, vou fazê-lo", e tentava, dentro de mim, encontrar justificações plausíveis para a traição, enquanto me preparava para mandar rezar uma missa em nome do meu pai. Lá teria de ser.

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