Agosto II

O meu agente mandou-me pelo correio as provas do livro para correcção, acompanhadas de um bilhete onde gatafunhou "a editora tem pressa nisto", e seguiu de férias para Cabo Verde, acompanhado por uma jovem e promissora poetisa brasileira. Conheceu-a há cerca de um mês, num lançamento de obra alheia. Ela deu-lhe a ler a sua última compilação de originais, que intitulou Sua Carne em Minha Carne, e ele gostou. Dado o interesse que mantém nesta autora, creio que pondera tornar-se seu agente a tempo inteiro. A mim não me convidou para Cabo Verde, de maneira que concluo que até com agentes se aplica a teoria dos filhos e enteados.
Disse-me que tivesse cuidado com o que escrevo sobre a sua pessoa. Defendi-me alegando que era tudo para efeitos de promoção do livro. Ainda me respondeu que "nesse caso, tudo bem, desde que a Isabela se comprometa a não revelar o nome com o qual a minha mãezinha me baptizou." E eu fiquei a pensar nisto, não sei porquê. Que o homem também foi baptizado. Passou pela infância. Houve um dia em que foi ingénuo e não soube para que servia uma moeda de dois cêntimos.

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