A importância das ruínas

Tenho de viver com os muros que ergui, mesmo que já não dividam coisa alguma. Não posso derrubá-los. Estão demasiado vivos na minha memória. Tenho de acordar todos os dias no meio das ruínas desses edifícios nos quais já não vivo. É muito pedregulho, mas afasto-os do caminho e vou para o meio da rua como qualquer outra pessoa que acabou de afastar os seus.
Por uma questão prática, as pessoas e as nações devem trazer consigo as suas cicatrizes, seja qual for a profundidade. Não vale a pena gastar energias a extinguir aquilo que, mesmo extinto, ainda se alcança. Mais vale deixar ficar paredes rombas contra as quais nos possamos ainda atirar, e abraçar, de braços abertos, e chorar.

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