Anonimato

Um diário é um relato pessoal e íntimo. Ou mordaz. Ou reflexivo. Ou brincalhão. Um diário somos nós. Se é feito de citações, um diário é a nossa escolha. E a nossa escolha somos nós.
O problema dos diários coloca-se quando são descobertos pela nossa mãe, pai, tio, irmãos. Quando descobrem, através dele, quem de facto somos. Oh, Deus, afinal não somos apenas raparigas bem comportadas, imaculadamente vestidas de branco, educadas, tementes a Deus, sossegadinhas, que escolheram uma vida lógica e sem sobressaltos. Se calhar até nos calhou ser indecentes e ter um desgosto de amor. De calhar pensámos para além do que é conveniente pensar.
Esse é o meu dilema. Eu não tive uma quinta em África, mas fui absolutamente anónima na blogosfera, e disso tenho uma nostalgia enorme.
O que se escreve num diário quando se perde o anonimato e somos lidos pelos familiares psiquiatras e caixeiros-viajantes, bem como pelo chefe da linha de montagem da fábrica na qual trabalhamos? O que faço eu a este blogue? É o meu dilema.

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