Não nos vamos abaixo com coisa pouca

Apanhei a primeira nesga de sol na esplanada do café Colina e ocupei uma mesa para tomar café. As meninas vieram sentar-se ao redor da mim, recolhendo, nos dorsos, o sol da manhã e umas migalhas de croissant.
Fui lendo o jornal, como de costume. Depois parei. Respirei fundo, olhei para o lado e dei comigo a falar alto com o meu pai, que está sempre à mão de semear. Foi um desabafo. "Olha, pai, desculpa, não era nada disto que eu queria, que eu esperava." Respondeu, com um ar sério, mas compreensivo. "Eu bem te disse. Mas a gente não se deixa ir abaixo com coisa pouca. Eles que digam o que quiserem, porque nós sabemos a verdade." Sorriu, inclinou-se para o chão, e concentrou a sua atenção nas cadelas, feliz por vê-las. Fez festas no lombo da Micas, dizendo-lhe, "Micanço, Micanço, estás velhota. A ver se o dono arranja aqui um petisco qualquer para mitigares os desgostos que a dona te dá ."

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