Feira do Livro: impressões de uma tarde escura

1. No stand da APEL ouço a resposta a um senhor com máquina fotográfica das boas, acompanhado de duas lindas meninas - os fotógrafos têm uma sorte! - oficialmente, a feira está neste momento encerrada. Encerrada?! Olhei em volta: pavilhões abertos, excepto os das editoras a sério, como a Assírio, Cotovia, e outras anti-sistema - pessoas circulando, muito mais do que seria de esperar, considerando a tarde escura que decorria. Oficialmente, estava encerrada. Na prática, o negócio ia-se fazendo.

2. Há muitos anos que não via uma Feira tão pobrezinha. O auditório é um pré-fabricado do tamanho do meu quarto... não há caixas multibanco... cadê o pavilhão onde expunham todos os livros do dia para consulta? As casas de banho, segundo o rapaz da roulotte virada para a das farturas, onde uma tosta de queijo custa 3 euros, disse 3 euros, eram "aquelas coisas brancas ali em baixo". Está bem, a crise, mas e a visita do Papa?

3. Mais uma vez me lembrei, no ponto x da subida do lado direito, por acaso muito perto do stand da Letra Livre, que foi na Feira do Livro de 1991?, 1992?, que o jovem que, com sorte ou azar, deveria ter sido o pai dos meus filhos, me anunciou que ia casar nesse verão. Fui tão burra que lhe respondi, pois fazes muito bem, que eu agora também tenho um programa parecido, vou de férias para a Tunísia. E continuei a subir. Acho que ele desceu.
Fui burra, porque deveria devia tê-lo deixado a esvair-se em sangue, no mínimo com a cabeça partida. Perdi ali uma bela oportunidade para exprimir os meus verdadeiros sentimentos com toda a espontaneidade. É que se o tivesse feito não me lembraria disto duzentos anos depois, sempre que passo pelo ponto x da subida do lado direito. É que irrita.

Mensagens populares