Paris - diário de viagem 3


Ouço uma rola piar no saguão. Das janelas da frente alcanço, bastante perto, um terraço onde alguém plantou pinheiros que cresceram como num jardim. É um prédio de cerca de 10 andares, logo, um jardim suspenso.

O senhor que cá veio resolver o problema da ligação à internet deixou-me o écran numa página da Wikipédia relativa a uma tal Mazarine Marie Pingeot-Mitterrand. Sou curiosa, para além de que creio serem os acasos igualmente fruto do destino, pelo que li com atenção. Trata-se da filha que Mitterrand teve com uma curadora de museu, e com a qual viveu, mas que escondeu durante mais de 20 anos. Mazarine publicou recentemente a sua história com o pai, livro que vendeu como pastelinhos de bacalhau dos verdadeiros. Procurei-o em duas livrarias e disseram-me, numa, que estava esgotado, noutra, que não havia. Tenho de encontrar este livro.

Por outro lado, encontrei a bibliografia quase toda de Annie Ernoux, autora que me foi dada a conhecer por uma leitora deste blogue. Comprei 11 títulos, todos da coleção Folio, da Gallimard, por 50 euros. Passei a tarde de ontem deitada na relva do Parque de Monceau, lendo L' occupation, uma história sobre o ciúme de uma mulher que perde o companheiro para outra, e que pensa não ser capaz de viver sem embrulhar na mão, logo de manhã, ao acordar, o pénis do homem perdido. Caramba, acho que já senti isto.

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