Quando é que a minha mulher-a-dias volta da Moldávia?
Fui levantar dinheiro ao Multibanco, coisa que faço cada vez menos, não por falta de máquinas.
Enquanto esperava que o atm digerisse o código fui presenteada com publicidade a um produto que não fixei, mas cujo texto de apresentação era "Grandes questões do nosso tempo: há hoje algum concerto no Algarve?" Achei graça. Gosto que as pessoas se divirtam, que não estejam sempre a pensar o sentido da vida e a volatilidade das emoções. Viver a vida e as emoções é igualmente importante. É importante ser jovem, inconsciente e parvo. Não tive essa oportunidade e fez-me falta. Os meus alunos fazem-me sorrir todos os dias, exatamente porque dizem muita parvoíce. E gosto. O que seria de mim sem essa dose de frescura, de inocência, de tudo é possível?! O que seria de mim sem poder experimentar, através do outro, aquilo de que me privei por necessidade de sobrevivência?
Levada por este espírito, pus-me a pensar qual seria, para mim, no dia de hoje, a equivalente grande questão do nosso tempo, e ocorreu-me algo deste género: quando é que a minha mulher-a-dias regressa das suas férias na Moldávia? Isso, sim, é mesmo uma questão importante, porque vivo numa casa de quatro assoalhadas com dois sacos de pêlo, e preciso de socorro, para que possa sentar-me a fazer aquilo de que gosto, ou seja, ler, escrever e ver filmes.
Passo-vos agora a bola. Vou abrir os comentários a este poste, só a este, para que possam dizer-me, qual é, para vós, a grande questão do nosso tempo, e prometo que depois escrevo um texto baseado no que me disserem.