Pedófilos já credenciados
Já percebi que é politicamente incorreto pronunciarmo-nos a favor das vítimas do processo Casa Pia. Já sei que para pertencermos ao grupo das pessoas bonitas temos de relativizar, porque há muito mais gente envolvida que não foi a julgamento, porque se a verdade viesse a lume ainda correríamos o risco de descobrir que o sr. Moreira do talho, pessoa muito considerada aqui no bairro, nasceu realmente para meter a mão na carne, e porque Portugal é um paraíso para os pedófilos.
O mundo é um paraíso para os pedófilos. Portugal não é nenhum caso de estudo. Como diz a dona Maria José, minha vizinha de baixo, aos miúdos começa-lhes a saltar a pevide muito cedo, mas cabe-nos não tirar partido desse fato, porque embora a pevide comece a dar sinal de si, são crianças. Posso compreender que a líbido de alguns adultos se sinta particularmente estimulada pela inocência e curiosidade de uma criança, mas não posso aceitar que um adulto se sirva dessa criança ou desse adolescente com o objetivo de saciar um impulso sexual. Os miúdos têm forma de se iniciar sozinhos ou entre si, não precisam da nossa intervenção no caso.
Nesta altura do campeonato não tenho que ter paninhos quentes relativamente aos condenados do processo Casa Pia, apesar do que possa existir ainda por descobrir. Quem tem informações que as divulgue. Não tolero alusões. Expliquem-se.
Os fatos são os seguintes: um coletivo de três juízes que trabalhou debaixo de enormes pressões vindas de todos os setores considerou que havia matéria para considerar culpados seis indivíduos: Carlos Silvino, Carlos Cruz, Jorge Ritto, Ferreira Dinis, Hugo Marçal e Manuel Abrantes. Parece-me que não há aqui que enganar. Estes senhores abusaram do poder que detinham e pensaram ser impunes relativamente aos seus atos praticados com adolescentes que, em princípio, careciam de poder para os denunciar. Para todos os efeitos, e até prova contrário, estes senhores são abusadores sexuais de menores. Até posso explicar-me melhor: são pedófilos.