Ah, ir para a política fazer fortuna!

Vou lendo notícias sobre cheques passados entre empresários e políticos, justificados com argumentos nos quais ninguém acredita. Negociatas por portas travessas. Passas o cheque ao meu tio que depois endossa ao meu assistente que depois o deposita na conta da minha mãe que com ele comprará um andar no Parque das Nações em nome da neta. O que interessa é que nada chegue diretamente às minhas mãos.
Vou tomando nota dos valores por que compram casas: uma moradia em Caxias por 950 mil euros. Onde arranjam os nossos políticos dinheiro para comprar imobiliário de quase um milhão de euros? Têm negócios? São heranças? Investiram em acções? Quanto? Como? De onde raio pinga a dinheirama anormal? Os sinais exteriores de riqueza dos servidores do Estado têm de ser justificados. Se eu ganho dois mil euros e compro um automóvel de 60 mil sem que o meu pai me tenha deixado herança, onde é que o fui ganhar? Sabê-lo é um direito dos contribuintes.
Para nós, portugueses comuns, é muito claro que os governos que tanta campanha têm feito contra a corrupção na administração pública são os primeiros de todos os corruptos. Não acreditamos nas justificações que poderão satisfazer os tribunais. Nós sabemos de onde veio o dinheiro. O tribunal pode ser manipulado, mas nós não. E tudo isso nos indigna enormemente.
Estamos muito zangados contra quem nos tem governado. Não apenas os governos Sócrates, mas todos os que vêm lá de trás, recebendo luvas, enganando, roubando descaradamente e saindo pela porta grande, com louros.
As instituições políticas do nosso país merecem outro respeito. Não se recebe na mão uma história política de coragem, esperança, força, para tudo se destruir em nome do benefício pessoal e do poder efémero.
Compreendo finalmente que os portugueses suspirem por Salazar. Pelo menos esse começou e acabou da mesma forma: remediado.

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