A culpa é toda tua

Estive a olhar para uma foto do meu pai com a sua camisa branca, sorrindo no Jardim 28 de Maio, em Lourenço Marques. A vida corria-lhe bem. Era feliz: mulher prendada, uma filha perfeitinha.
Olho para o seu rosto, o corpo: calhámos tão parecidos. O mesmo formato de rosto, o sorriso, o nariz, a testa. Saí ao lençol de cima, sempre me disseram. Eu sou uma parte tão grande de si!
Depois sorri. Afinal não fui eu que o traí, foi essa enorme parte de si, essa metade antagónica de si. E posso ficar na paz dos deuses.

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