Já não há surpresas

Este fim-de-semana fiquei a saber que em casa de Bin Laden se viam filmes porno e que o senhor diretor do FMI se atira forte às criadas do hotel. Não há, portanto, diferença entre as pessoas mediáticas e o senhor Rodrigues, que mora no 10º andar dum prédio em frente, e me costuma assobiar de cada vez que assomo à varanda para tratar da permacultura, me atira os olhos ao decote, no café, para descortinar se vesti soutiã, e embora não tenha oportunidade de me apanhar sozinha, vigia as minhas janelas a binóculo, e deve queixar-se à mulher que a vaca ali de frente anda toda nua em casa.
É toda a gente tão igual, em todo o lado, seja qual for o cargo ou o imaginário que ocupem, que as notícias sexuais do fim-de-semana não são notícia, mas vulgar fait-divers, e estão para a minha capacidade de espanto sobre o humano como a alegada ausência de hábitos homossexuais no mundo islâmico.
Perdida a inocência, que surpresas nos restam?

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