Núcleo

(...) 35 anos depois, "O Império dos Sentidos" continua a ser um perigoso manual de subversão, obsessivo e minimalista, ciente de que o sexo é uma arma nuclear - no sentido de relativo a núcleo, ligado ao essencial, aos instintos mais básicos e menos propensos à maquilhagem social.

A carga simbólica é acentuada pelo facto de Nagisa Oshima ter ido buscar para base do seu filme a história verídica de uma prostituta, Sada Abe, que cortou o pénis do amante, depois de o ter morto acidentalmente quando o estrangulava para acentuar o prazer sexual, e andou enlouquecida e ensanguentada pelas ruas de Tóquio durante quatro dias até ser detida e condenada. Um episódio que ocorreu em 1936, fez no dia 19 de Maio 75 anos.

Sada Abe passou os anos seguintes na prisão, mas foi libertada depois da guerra, transformada numa lenda de Tóquio. O escritor americano e historiador do cinema japonês Donald Richie - país onde reside há uns 50 anos - conta que Sada Abe foi trabalhar para um taishusakaba (um bar popular), onde surgia todas as noites descendo com dramatismo e suspense as escadas, para, numa indignação fingida (que fazia parte da sua actuação), levar os homens a tapar as suas partes no meio das maiores risadas.




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