Se o senhor Lima tivesse brasão...

Duarte Lima (foto DN)



Duarte Lima nunca me pareceu flor de bom cheiro. De resto, não sei se tem culpas no caso Rosalina, se é culpado de fraude do BPN ou se deve milhões ao IRS. Até confesso que, sabendo como o Estado tem desperdiçado os nossos impostos, deduzidos em nome de um bem comum nacional, da justiça social, mas acabando em bolsos aos quais nunca chegariam se houvesse justiça económica e social, também sinto um luxurioso desejo de prevaricação.

Em relação a Duarte Lima tenho apenas duas certezas. Primeira, o homem enriqueceu depressa e incompreensivelmente. Em poucas horas desencantou 500 mil euros para liquidar a fiança do filho. O que são 500 mil euros?!

[Num país a sério, a política não serviria para fazer dinheiro, mas em Portugal, quem passa por tutelas acaba com contas no estrangeiro e familiares entupidos de bens, embora apresente saldos pessoais moderados em contas à ordem e a prazo nacionais. A peneira com que tentam tapar o sol tem a moldura sem rede.]

Segunda, Duarte Lima vem do torrão de Trás-os-Montes, o que significa que é um Lima, entre tantos. Não tem amigos de família, não pertence a um clã. As proteções que granjeou na política desapareceram rapidamente. O Lima que se desenrasque, porque. sem família. não se impõe o dever de proteção. Por outro lado, o poder precisa de nomes sacrificáveis para levar à fogueira. E o Lima, lá do torrão, serve.
Se o senhor Lima tivesse outro apelido, família, amigos de família, outro galo cantaria. Uma boa proteção torná-lo-ia alvo difícil.
Quem conta amigos pode dar-se ao luxo de escapar ao braço da Lei e desfrutar a honra de possuir diplomas emitidos aos domingos e dias feriados. Ou isso ou ser giro e pertencer a um lobby qualquer, mas gajos como o Duarte Lima serão sempre alvos fáceis para um sistema nepótico na política, cultura e justiça.

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