O tapete da sala

Esqueci-me da porta da sala aberta, ah, aposto.... Levanto o tapete frente ao sofá grande e lá está a esperada mija torrencial, estancada pelo tecido. Não me dececionou. Podia ter mijado no tapete da cozinha, do escritório, da casa-de-banho, noutro sítio qualquer que lhe desse na mona, e para variar, até mesmo usar um lugar autorizado, como a varanda, mas não, será no tapete da sala, porque gosta muito ali, porque é onde me sento à noite à ler, corrigir, pensar, porque aquele lugar especifico da casa é um spot de atração magnética alienígena, ou um uma ara consagrada à deusa do amoníaco. Há questões que nunca terão resposta porque o meu mundo mental aprendeu apenas uma lógica, a minha, não a dela. Talvez seja uma forma de me dizer, bom dia, adoro-te ou porque não te levantas às sete ou estás a ver como sou uma cadela fiel? Não quero saber. Levanto o tapete enquanto penso, dando o desconto, que é como se tivesse um filho de 12 anos que continuasse a mijar todos os dias na cama. Meto o têxtil na máquina, limpo, aqueço o chá, tiro duas bolachas torrada do pacote, visto-me e digo-lhe, vá, vamos lá à rua fazer uma grande cagada.

Mensagens populares