O mangalho

Vi na montra da ourivesaria uma pregadeira de ouro branco com diamantes em forma de cãozinho, só o contorno. Custa 1750 euros. Nunca terei 1750 euros para gastar. Nunca na vida. 
Vi uns brincos de prata, umas pulseiras. Vejo muitas jóias que gostaria de usar. As montras encontram-se repletas de beleza e valor. Contemplo. Já não é mau. 
Ponho-me a pensar à Passos Coelho: nunca aqui estive como estou agora, mas tenho outros tesouros. Os livros, os amigos, a Morena, a força no mangalho. E mais nada. Essencialmente precisava de um contexto para usar o vocábulo. O mangalho. Acabou-se todo o lirismo do ouro e da prata e do cãozinho.

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