Rugas

De manhã observei o meu rosto ao espelho. As primeiras rugas saem do canto interno dos olhos como sulcos de insónia. Já não são olheiras. Transformaram-se em fios marcados na pele, ainda finos, mas que com o trânsito dos anos se tornarão visíveis, e quem olhar para mim ficará na dúvida sobre se aquela mulher está a chorar.
Não me importo de ter rugas. Parece-me justo. Não compreendo como não apareceram mais cedo. Aos 20 e poucos deveria ter ficada coberta delas. Vou acarinhá-las como uma mãe que embala no colo o filho morto até ressuscitar.

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