A ridícula



Decidi, hoje, dedicar-me à obra de Joana Vasconcelos, artista-ódio da portuguesada, dentro e fora das redes sociais.
Eu cá gosto da Joana Vasconcelos. Não a adoro, não a venero, mas reconheço-lhe valor e admiro-a. Faz-me pensar e rir, às vezes ao mesmo tempo. Um helicóptero forrado a plumas cor-de-rosa? Um automóvel exteriormente artilhado com espingardas viradas para trás e ocupado por bonecos de peluche? Uma cabeça de touro forrada a renda de sangue? Uma autora que se expõe ao público com indumentárias ridículas? Nada disto vos interpela? Contentam-se com o ridículo, não o questionam? Não vos apetece superar por instantes o comezinho, a dimensão vulgar e objetiva das coisas, para pensar em que medida a obra desta artista se insere numa tendência escatológica contemporânea, que, não sendo novidade, no geral, o é no seu específico? Encara-la-iam diferentemente caso não fosse portuguesa? E se não fosse apoiada pelo Estado e não tivesse cheta? E se se vestisse decentezinha, no desejável estilo meio descuidado dos artistas? E se não fosse gorda e pouco bonita? E se não fosse mulher? O que é que vos aborrece mais? Acham que Joana Vasconcelos é parvinha? Acham que é saloia! Desde que a vi com o vestido de cortinados, respondendo "é portuguesa" à jornalista que, na inauguração da exposição, no Rossio, lhe perguntou "quem é Joana Vasconcelos?", fiquei a pensar. Foi uma resposta que me aborreceu. "É portuguesa", se isto é resposta que se dê! Entretanto fui ao site ver o seu trabalho e parece-me que tem razão, entre o muito que é, que representa e nos quer mostrar, Joana Vasconcelos, nascida em Paris, é portuguesa.

A imagem é uma peça de Joana Vasconcelos, de 2011. Intitula-se Wang.

Site da odiada artista saloia, onde podem ver algumas das suas obras desde 1994:

http://www.joanavasconcelos.com/menu_pt.aspx

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