Como somos educados

Apanhei uma mãe a ensinar o filho a pedir desculpa, explicando-lhe que era o que toda a gente fazia. Até ela, muitas vezes lhe pedia desculpa, quando achava que o tinha magoado. "Peço, não peço?!" O miúdo de cara fechada. A mãe: que temos de pedir desculpa aos outros. Que é o que toda a gente faz. O menino escuta-a com atenção, embora a olhe desagradado. Não lhe apetece nada. Pedir desculpa para quê? Nem sabe o que é desculpa nem quando magoa outros. Que chatice. Quando é que pode ir brincar?
É assim que aprendemos. Não nos lembramos mas é exatamente assim. Alguém nos diz que temos de fazer como os outros. E não está nada mal. Educar uma pessoa é uma construção como outra qualquer. Um artesão pode ser muito criativo, inovador, produzindo cestas de vime completamente diferentes das do colega, mais tradicional, mas fundamental é ter as basezinhas, o latim da arte de preparar e trabalhar a matéria. Aprendido o essencial pode criar o seu estilo.
Parece-me muito bem que os pais comecem a ensinar aos filhos os comportamentos típicos do mundo no qual vivem e onde terão de interagir. Mesmo aqueles que são discutíveis. Há depois uma altura certa para inovar, entrados na adolescência. Naturalmente, vão questionar quase tudo, hedonisticamente. A maior parte das regras são reformuláveis. Depois há um pequeno conjunto delas que não pode ser mexido. O respeito pelo outro, a procura incessante da justiça são provavelmente os que não podem ser tocados.

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