Pipetas para as pulgas

A Ninah tem pulgas. Coça-se, e onde há fumo, há fogo, portanto levou a pipeta anti-bicharada do mês. 

Tenho uma amiga que vai agora fazer uma longa viagem de volta ao mundo. Poupou e decidiu que não queria comprar um carro. A isto chamo eu investimento seguro, de retorno constante, para o resto da vida. 
Conversando, abordou-se o assunto das pulgas que se apanham nas viagens não organizadas pelos circuitos normalizados. Uma pessoa à solta, dormindo em lugares não credenciados, lugares normais, autênticos, fora dos hotéis para turistas, naturalmente apanha pulgas. Acontece. 

As gajas mordem bem, e seguem as artérias mais à superfície da pele com faro de cadelas. Até gosto de ver o rasto de picadelas por cima de determinado ponto para perceber em que zonas do corpo o sangue aflora o suficiente para agradar. O instinto das bichas fascina-me, mesmo tendo de as eliminar. Ocorreu-me, com a Ninah, que poderiam fabricar umas pipetas anti-pulga para humanos, que depositássemos nos cachaços próprios. Seria um sossego. E o gozo de poder entrar na farmácia da rua e dizer, "muito boa tarde, como está?, bem obrigada. Olhe, agora que estou livre do antidepressivo, após nove anos e meio sem interrupção (sorriso, sorriso), o que eu quero é umas caixas de pipetas para as pulgas. Não para a cadela, mas para mim. Pipetas anti-pulgas para humanos. Também são vendidas consoante o peso do animal? No meu caso são 75 quilos, se faz favor!"

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