Colchão de palha

Quando cheguei a Portugal, em 1975, o primeiro colchão em que dormi, e durou um ano, era de palha de milho. Tinha de se lhe meter a mão numa fenda no forro, e mexer as entranhas do saco, de cada vez que se fazia a cama. 
Na casa da minha avó paterna também não havia sofá. Só uma mesa, duas cadeiras, tudo de pau barato, e duas camas de ferro. 
Não tínhamos casa de banho, mas um buraco direto para uma fossa, no chão do pátio. Era aí que se tomava banho numa bacia larga de metal, mesmo no Inverno. 
Foi nessa casa, nas Caldas da Rainha, na Rua do Cais, que o meu pai cresceu até ir para África. 
O meu pai nunca falava do passado.

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