Glucose

Ilustração de Gerard Mulot

A médica explicou-me que tenho de comer mais doces, de ter uns chocolatinhos em casa, para que o corpo não precise de roubar tanto açúcar ao sangue. Rio-me. Sou a única mulher no mundo ocidental com ordens clínicas para se encher de guloseimas? Saio do consultório pensando que, a pouco e pouco, sem perceber, estar viva tornou-se o meu único excesso cometido.

Não quero, não basta. Sacudo a cabeça com cuidado e rumo ao Central, para me sentar, comendo um duchesse dos grandes, e pedir que me pesem duzentos e cinquenta de húngaros, areias e tarteletes de amêndoa. Venha a revolução do açúcar.

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