As que não jogam

Ilustração: Andreas Lie


Não és fácil de amar. Tens de novo o cherry eye saído. Arranja-te. Não há dinheiro para ração, quanto mais veterinário.
Quando morrermos, convém ser rápido. Uma injeção na veia, certa. Primeiro para sedar, depois para nos parar o coração. As duas ao mesmo tempo, para que não nos sintamos a falta. Nem eu nem tu temos mais ninguém. Diz-se onde cair mortas. Não nos choraremos uma à outra. Terra como animais da floresta. Quando acabar, acabou. Alguém nos roa a carcaça gorda, que é de aproveitar.
Fico a pensar enquanto te vejo a comer ossos podres do chão, porcarias que procuro ignorar. És feliz? Sejas. Só me tens a mim. Mais nada no mundo te possui. Só te tenho a ti. Todos os dias. Como uma Avé Maria.
Não acredites nas pessoas, Acredita em mim. Olha que não és fácil de amar, mas deixa lá. Eu, afinal, era impossível. 

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