O lugar 6D

Gente de todas as idades, bem e mal vestidas, com ou sem perfume, em negócios ou de férias; gente de todas as raças e maneiras. Deitados nos bancos das cabinas. Dormindo muito direitos, entrincheirados entre corpos. Ressonando ligeiramente, com a cabeça caída sobre o ombro vizinho. Sentados ou deitados no chão do corredor, ou em pé tomando o ar da janela. Comendo sandes, coxas de frango frito, bolos da pastelaria A Minhota, rissóis e pastéis que as mães aconchegaram num taparuere, antes de saírem. Bebendo Coca-Cola, Sumol de laranja, cerveja, e águas de litro e meio. Havia quem tivesse sono, fome e sede. Encontrava nesse grupo, em pé no corredor do comboio, olhando para a escuridão de fora , sem lugar para me sentar, embora viesse muito bem descriminado no meu bilhete, lugar 6D. O comboio para Paris ia cheio nesse final de tarde de Agosto. O comboio para Paris chegou com excesso de passageiros a Coimbra B, ou seja, havia ali, à vontade, mais três ou quatro 6D que haviam chegado primeiro. Esperava-me uma noite longa e dura. A primeira de muitas.

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