Os meninos que matam
Os meninos nascem puros. Depois, crescem depressa, e são já mais velhos do que o mundo, no momento em que matam.
Mesmo esses meninos nascem puros.
Os meninos que nasceram puros, os de ontem, aprenderam o culto à morte; é a ideologia que conhecem, livremente difundida pela música, pelos jogos, pelos cinema que consomem, os livros que lêem, quando leem. Querem eliminar os que se não lhes igualarem. Tudo o que não suportariam ser. Os meninos que nasceram puros e matam, querem matar-se, mas não sabem.
Houve um tempo em que foi possível chegar aos meninos e ser deles, e eles nossos. Éramos puros. Todos.
Ms os meninos puros sujaram-se pelo desamor, que nasceu do desamor, que nasceu do desamor. E o que é isso, o amor? Serve para quê, esse empecilho, o amor! Os meninos que nasceram puros não viram o amor.
"O que fazes se encontrares uma carteira na rua com dinheiro?" "Tiro o dinheiro e deixo-a lá ficar." "E não entregas à polícia?" "Até posso entregar, mas sem o dinheiro." "Mas não achas que devias entregar a carteira com o dinheiro?" "Não, se não tirar eu o dinheiro, tiram os polícias."
Os meninos que nasceram puros atiram pedras aos negros, aos ciganos. Os meninos que nasceram puros esmagam a cara do colega bichona, porque é bichona, e formam gangs para roubar o que possa ser vendido.
Em Madrid, adolescentes imolaram pelo fogo uma sem-abrigo que se protegia do frio na entrada de um banco, onde se encontravam as caixas atm. Esses meninos também nasceram puros.
São puros estes meninos, e idealmente, talvez ainda pudessem recuperar-se, numa escla qualquer, as carências profundas de uma inexistente educação familiar; mas não nas escolas como existem, não em turmas de 30 alunos, com aulas de 90 minutos, não nos moldes em que vigora. E o mesmo Estado que custeia a prisão e as casas de correcção onde vão parar, não custeia vagas para professores-tutores. Não são necessários.
Por isso é que os meninos, que nascem puros, podem tão livre, tão fácil e impunemente criar, com as suas mãos, o horror, a vileza, a degradação máxima. A mesma a que estão condenados enquanto o sistema educativo depende exclusivamente da política económica.
A escola de hoje chama-se demagogia. Hipocrisia.
Os meninos puros que se envileceram, são produto da hipocrisia política que os envileceu, criando assim os seus legítimos cancros, os seus clientes para castigo exemplar
Mesmo esses meninos nascem puros.
Os meninos que nasceram puros, os de ontem, aprenderam o culto à morte; é a ideologia que conhecem, livremente difundida pela música, pelos jogos, pelos cinema que consomem, os livros que lêem, quando leem. Querem eliminar os que se não lhes igualarem. Tudo o que não suportariam ser. Os meninos que nasceram puros e matam, querem matar-se, mas não sabem.
Houve um tempo em que foi possível chegar aos meninos e ser deles, e eles nossos. Éramos puros. Todos.
Ms os meninos puros sujaram-se pelo desamor, que nasceu do desamor, que nasceu do desamor. E o que é isso, o amor? Serve para quê, esse empecilho, o amor! Os meninos que nasceram puros não viram o amor.
"O que fazes se encontrares uma carteira na rua com dinheiro?" "Tiro o dinheiro e deixo-a lá ficar." "E não entregas à polícia?" "Até posso entregar, mas sem o dinheiro." "Mas não achas que devias entregar a carteira com o dinheiro?" "Não, se não tirar eu o dinheiro, tiram os polícias."
Os meninos que nasceram puros atiram pedras aos negros, aos ciganos. Os meninos que nasceram puros esmagam a cara do colega bichona, porque é bichona, e formam gangs para roubar o que possa ser vendido.
Em Madrid, adolescentes imolaram pelo fogo uma sem-abrigo que se protegia do frio na entrada de um banco, onde se encontravam as caixas atm. Esses meninos também nasceram puros.
São puros estes meninos, e idealmente, talvez ainda pudessem recuperar-se, numa escla qualquer, as carências profundas de uma inexistente educação familiar; mas não nas escolas como existem, não em turmas de 30 alunos, com aulas de 90 minutos, não nos moldes em que vigora. E o mesmo Estado que custeia a prisão e as casas de correcção onde vão parar, não custeia vagas para professores-tutores. Não são necessários.
Por isso é que os meninos, que nascem puros, podem tão livre, tão fácil e impunemente criar, com as suas mãos, o horror, a vileza, a degradação máxima. A mesma a que estão condenados enquanto o sistema educativo depende exclusivamente da política económica.
A escola de hoje chama-se demagogia. Hipocrisia.
Os meninos puros que se envileceram, são produto da hipocrisia política que os envileceu, criando assim os seus legítimos cancros, os seus clientes para castigo exemplar