Não me afrontes com a tua felicidade, sua gorda!

A minha paixão. Love you forever!


Agora chamamos-lhe havaianas, mas quando era criança dizia-se "chinelos de enfiar no dedo". É possível que tivessem outra designação, mas este era o nome que lhes dávamos lá em casa e foi praticamente a única coisa que a minha mãe conseguiu que eu enfiasse nos pés até sair da sua alçada.
Gosto de havaianas. São muito práticas, e de há uns anos a esta parte começaram também a ser  divertidas. Como a vida é um enleio, uso-as muito, porque, já se sabe!, gosto de me divertir.
Nesta altura estavam em falta cá em casa: as últimas estourei-as nas ruas do Maputo. Fui ontem repor o stock. Entrei numa loja barata e escolhi um par cor-de-rosa com ananases dourados na zona onde o pé assenta e muito glitter na aba. São a coisinha mais kitsch que usei desde que abri os olhos e foi amor à primeira vista, assim que as vi no expositor, ainda a três metros de distância. São ótimas para andar por casa. E para ir à praia. Também ao café da esquina. Talvez ao Fórum Almada. Provavelmente a Campo de Ourique quando vou visitar os meus amigos como deve de ser. Talvez as use na próxima vernissage. Sabe Deus!
Mas não é sobre havaianas que quero falar.
Passeei-me distraidamente pela loja, com elas mão, enquanto observava outros produtos, até chegar à caixa. Passei por uma senhora que experimentava sapatos, sapatos, sapatos sem que nenhum lhe agradasse. Sorri-lhe cumplicemente, porque nos encarámos e andávamos ao mesmo. Esgarçou os lábios, baixou os olhos para as minhas esplendorosas havaianas, torceu o nariz e disse, “isso para pessoas pesadas não dá. Não duram nada. Vão-se logo abaixo.” 
Continuei o meu caminho. Há pessoas que não suportam ser infelizes sozinhas.

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