Inês de Almada - a rive gauche a quem a merece



Na Casa da Cerca a olhar para a minha casa.
O executivo da autarquia de Almada foi ontem dormir sob o efeito do Xanax e logo de manhã tomou dois Sedoxil para acalmar os nervos. É compreensível e aceitável. Perder a presidência de uma câmara que lhe pertencia deste 1976 é motivo para uma grande desilusão. A verdade é que a vitória era dada como tão segura, tão garantida que já ninguém da CDU se dava ao trabalho de investir em campanha eleitoral na rua, de falar com os cidadãos, como os restantes partidos. Durante estes dias, ouvi uns carros circular com umas bandeiras e a musiqueta do costume, e fizeram-se remendos pontuais, e há muito reclamados, em ruas, estradas e passeios: o mínimo e à pressa. Não chega. Uma autarquia é outra coisa. Eu tinha avisado que as coisas não estavam bem, que os almadenses não andavam satisfeitos com este executivo, que não somos autistas nem andamos a dormir. E pronto! O PS ganhou a câmara e a próxima presidenta será Inês de Medeiros.
Há dois partidos que trabalharam a sério em Almada para estas eleições: o PS com a Inês e o Bloco com o Carlos e a Joana. E fico feliz com os resultados. Almada precisa de um abanão a sério. Explico:
Não há investimento cultural no concelho. O Festival de Teatro salva a cara, mas mal. Os prémios literários são estranhos e obscuros. O acervo das bibliotecas é insuficiente e o horário de funcionamento péssimo. Onde anda a fotografia, o cinema, a dança, a música, a pintura? Festival de Música nos Capuchos?! Para quem?! Não há transportes públicos para os Capuchos exceto uma camioneta rara. Os transportes públicos funcionam mal e são mais caros que em Lisboa.
Não há combate eficaz à pobreza que tem de ser feito pelo envolvimento cultural, cívico, não pelo banco alimentar. Não excluindo este apoio, a pobreza não se alimenta com arroz e massa; ela extingue-se pela motivação e ocupação da população atingida. A pobreza mental gera as restantes. É necessário investir culturalmente nos bairros.A utopia é apenas um ideal, mas no domínio do real é possível melhorar muito.
As ruas do concelho estão sujas e descuidadas. As infraestruturas desportivas e culturais estão subaproveitadas. Não há ajardinamento nem zelo.  É mesmo urgente tratar do caso Cacilhas, cais do Ginjal, estaleiro abandonado da Lisnave, Ramalha, Trafaria, Costa da Caparica, Monte da Caparica. Se isto podia ser uma Brooklyn, podia, mas com a CDU, claramente não. Demasiado amiguismo e negligência! Vamos ver o que nos reserva o futuro. Espero que Almada dê ainda muitas alegrias e. sobretudo, muito trabalho. Aposto no que está para vir. E eu, nascida e criada nas Barrocas, como sempre digo e toda a gente sabe, tenho as minhas ideias. Milhares. Os lisboetas hão de suspirar por conseguir viver deste lado. A verdadeira rive gauche.

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