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| Foto de Vivian Maier |
Sonhei de novo com os meus pais. Que alegria foi encontrá-los num lugar onde eu dava espetáculo. Não esperava vê-los por lá. Tinham assistido a tudo. Quando saí de cena, vi-os sentados na relva de uma colina. Parecia o Parque da Paz ao por do sol, com a luz baixa de veludo iluminando-os. Parecia um lugar onde nunca estive na África do Sul, país do qual a minha memória guarda uma impressão totalmente europeia. Fiquei contentíssima. Corri para eles. Beijei-os. Estavam tão bonitos! Sobretudo o meu pai. Que lindo! Que perfil tão puro! Não se tinham tornado mais jovens, mas estavam belos como estátuas incólumes e lisas. Tinham estendido uma manta na relva, mas não
se sentaram nela. A manta parecia ser para mim. Para nós. Estava limpa à nossa espera.
