Gritar e sair para a rua
O Benfica ganhou ontem. Deve ter ganho, porque por volta das 22h00 ouvi um enorme clamor no meu bairro. Era o ruído de milhares de vozes jubilando, gritando em uníssono, produzido em todas as casas e em nenhuma em particular. Juro que ainda não li os jornais, mas como esta zona é muito dada ao Benfica...
Para mim tanto faz que ganhe um clube ou outro. Até mesmo o Futebol Clube do Porto, sobreviveria
Não censuro que as pessoas se manifestem, pelo contrário, até gostava que se fizessem ouvir muito mais. Por exemplo, à hora do telejornal gostaria de ouvir as pessoas gritar com igual entusiasmo revoltado cada vez que nos aumentassem os impostos; que lançassem exclamações depreciativas sempre que ouvissem falar de corrupção; que batessem as palmas quando uma cientista portuguesa ganha um prémio por uma descoberta importante, e mais, que, logo a seguir, mesmo cansados do dia de trabalho e com o pastel de bacalhau entalado nos dentes, saíssem para a rua, manifestando-se a torto e a direito, sem bandeiras nacionais, mas com muitos painéis pintados à mão - exigindo liberdade, respeito, justiça, e por aí fora. E que falassem umas com as outras, que trocassem ideias sobre política, para além de futebol. Que não tivessem medo de ter opiniões e de as exprimir e justificar. Que as pessoas se sentissem vivas com o que acontece à sua volta. Que participassem na vida das cidades, que se sentissem responsáveis pelo que nelas acontece, e que assumissem o governo da parte que lhes cabe do país ao qual pertencem. Não creio que isto seja uma utopia.
Para mim tanto faz que ganhe um clube ou outro. Até mesmo o Futebol Clube do Porto, sobreviveria
Não censuro que as pessoas se manifestem, pelo contrário, até gostava que se fizessem ouvir muito mais. Por exemplo, à hora do telejornal gostaria de ouvir as pessoas gritar com igual entusiasmo revoltado cada vez que nos aumentassem os impostos; que lançassem exclamações depreciativas sempre que ouvissem falar de corrupção; que batessem as palmas quando uma cientista portuguesa ganha um prémio por uma descoberta importante, e mais, que, logo a seguir, mesmo cansados do dia de trabalho e com o pastel de bacalhau entalado nos dentes, saíssem para a rua, manifestando-se a torto e a direito, sem bandeiras nacionais, mas com muitos painéis pintados à mão - exigindo liberdade, respeito, justiça, e por aí fora. E que falassem umas com as outras, que trocassem ideias sobre política, para além de futebol. Que não tivessem medo de ter opiniões e de as exprimir e justificar. Que as pessoas se sentissem vivas com o que acontece à sua volta. Que participassem na vida das cidades, que se sentissem responsáveis pelo que nelas acontece, e que assumissem o governo da parte que lhes cabe do país ao qual pertencem. Não creio que isto seja uma utopia.