O mundo está cada vez melhor
Não creio que os jovens de hoje sejam piores que os da minha geração ou da geração anterior à minha. Acho que são diferentes.
Os meus pais foram educados no fascismo e educaram-me dentro da mesma ideologia. Se me exprimo de forma relativamente livre, não é que tenha sido ensinada a fazê-lo. Aprendi que devíamos calar, fingir, ter medo, agir subterraneamente.
Claro que os miúdos fazem asneira e são cruéis uns com os outros e com os mais velhos, mas quem poderá garantir-me que há 40, 50 anos não existiam jovens maus, dissimuladamente maus?! Havia mais pureza, diz a minha mãe. Não havia, não. Havia mais silêncio. Havia menos pedófilos e menos mulheres maltratadas pelos maridos, acrescenta. Não, não. Havia medo, vergonha. Havia vozes caladas.
Os jovens são hoje muito mais espontâneos, exigem explicações e condições, reclamam, de forma geral. A bem ou a mal. E a nós dava-nos muito jeito que estivessem todos caladinhos, e se tivessem reclamações a apresentar, desabafassem lá em casa em vez de nos torturarem a alma.
Antigamente, a escola era um lugar mais pacífico e os professores podiam dedicar-se a ensinar. Eram, de facto. Antigamente, os filhos dos agregados que vivem com o rendimento mínimo não punham os pés numa sala de aula, nem os ciganos nem os jovens complicados, com patologias diversas aos 14 anos. Hoje, estão todos lá, e a escola mudou. Um professor não pode, hoje, ser apenas um garante transmissor de ciência. Exigem-se-lhe competências relacionais, alguma psicologia, uma boa capacidade para ouvir e negociar. Tornou-se uma profissão com algum risco e insegurança intrínsecos, que exige, portanto, uma protecção adequada por parte das tutelas.
Agora, perguntam-me se tudo isto significa que o mundo se tornou pior? Para mim, não. Apesar do desemprego, da crise, da insegurança, o mundo está cada vez melhor. Nunca se viveu tão bem como nos dias de hoje. Nós é que exigimos mais, muito mais do que os portugueses de há 40 ou 50 anos atrás. E ainda bem.
Os meus pais foram educados no fascismo e educaram-me dentro da mesma ideologia. Se me exprimo de forma relativamente livre, não é que tenha sido ensinada a fazê-lo. Aprendi que devíamos calar, fingir, ter medo, agir subterraneamente.
Claro que os miúdos fazem asneira e são cruéis uns com os outros e com os mais velhos, mas quem poderá garantir-me que há 40, 50 anos não existiam jovens maus, dissimuladamente maus?! Havia mais pureza, diz a minha mãe. Não havia, não. Havia mais silêncio. Havia menos pedófilos e menos mulheres maltratadas pelos maridos, acrescenta. Não, não. Havia medo, vergonha. Havia vozes caladas.
Os jovens são hoje muito mais espontâneos, exigem explicações e condições, reclamam, de forma geral. A bem ou a mal. E a nós dava-nos muito jeito que estivessem todos caladinhos, e se tivessem reclamações a apresentar, desabafassem lá em casa em vez de nos torturarem a alma.
Antigamente, a escola era um lugar mais pacífico e os professores podiam dedicar-se a ensinar. Eram, de facto. Antigamente, os filhos dos agregados que vivem com o rendimento mínimo não punham os pés numa sala de aula, nem os ciganos nem os jovens complicados, com patologias diversas aos 14 anos. Hoje, estão todos lá, e a escola mudou. Um professor não pode, hoje, ser apenas um garante transmissor de ciência. Exigem-se-lhe competências relacionais, alguma psicologia, uma boa capacidade para ouvir e negociar. Tornou-se uma profissão com algum risco e insegurança intrínsecos, que exige, portanto, uma protecção adequada por parte das tutelas.
Agora, perguntam-me se tudo isto significa que o mundo se tornou pior? Para mim, não. Apesar do desemprego, da crise, da insegurança, o mundo está cada vez melhor. Nunca se viveu tão bem como nos dias de hoje. Nós é que exigimos mais, muito mais do que os portugueses de há 40 ou 50 anos atrás. E ainda bem.