O meu namorado II
Toda a gente sabe que tenho um namorado reformado aqui na rua. Um velhote com o seu cão, esfocinhando as partes baixas da Micas, e cuja senhora foi operada à barriga, portanto agora já nada, e que estaria interessado em casar comigo às quartas e sábados, caso aguentasse a pedalada.
Bem, acabou de me apanhar outra vez.
A senhora está cada vez mais jeitosa, é que é uma diferença brutal, como é que emagreceu isso tudo?
Preguei-lhe uma grande mentira piedosa e impressionou-se.
É que está mesmo muito boa, muito bem, estou maravilhado, e metia-me os olhos dentro do decote, sendo que hoje não vesti sutiã.
A senhora não deve ter mais de 40 anos, de certeza.
Pois não, respondi logo, sem hesitação.
E o seu esposo deve estar satisfeito.
Oh, se está.
Agora é muito melhor, sente-se mais leve.
Ah, pois, sinto.
Para a conversa não desenvolver, tive de chamar a Micas, vá, vamos lá embora, e enquanto subia a ladeira do jardim ouço os restantes reformados comentar, tal cão, tal dono.