O mundo dos católicos ateus
O Papa renunciou ao mandato e a sociedade (blogues, redes sociais, media, conversas de café), comenta a notícia, ironiza e censura.
Qual é o problema?! Bem, eu cá preferia que comentassem a situação política grave que se vive na Síria ou no Irão, entre outros. O mundo estala de tragédias que merecem a nossa dedicação, e de assuntos mesquinhos que valem a nossa troça. A abdicação do Papa equivale à reforma do senhor Evaristo Cabral, dono do da empresa de velas que fornece o santuário de Fátima. O homem está velho e cansado e quer descansar como qualquer pessoa velha e cansada. Fait-divers.
Mas o que observo de curioso, do ponto de vista sociológico, a partir deste súbito interesse pela abdicação do Papa, é que ele vem da parte de não crentes. A questão é a seguinte: se eu me declaro crente e me estou nas tintas para o Papa em funções e para o que se segue, uma vez que tem, para todos, a importância de um político, de um diplomata, e nada mais, e o facto é conhecido, que relevo poderá a notícia ter para ateus e agnósticos?
Resposta rápida: o que as pessoas são não corresponde ao que admitem. A maior parte dos ateus e agnósticos está profundamente atenta aos movimentos da igreja católica, mesmo não possuindo estes qualquer relevo social ou espiritual, e isso acontece porque os não crentes, afinal, no substrato, nunca deixaram de ser... culturalmente... católicos. E, oh, meu Deus! Nossa Senhora dos Remédios valha a esta mulher!