O feudalismo em poucas palavras
António Borges, não sendo político, manda na política, e veio agora defender que o salário mínimo português, de 485 euros, mais coisa menos coisa, deveria baixar.
Gostava de revelar que recebo uma newsletter de certa empresa de imobiliário, e estou em condições de afirmar que não é possível alugar um T1 no concelho de Almada, por menos de 325 euros. Foi o mais baixo que me apareceu na caixa do correio, e era um pardieiro. Como sobram menos de 200 euros para perfazer o total do ordenado mínimo, interrogo-me sobre como comerá, se vestirá e transportará quem vive com este salário. A única solução que me ocorre é alugarem um T2 por 400 e viver uma família em cada quarto. Sempre sobram mais 100 euros. No fundo, fazer como os emigrantes, Cada quarto, sua família. A ideia é passarmos todos a ser emigrantes, dentro ou fora. Corrijo, a ideia é sermos pedintes esfarrapados a quem se dá uma esmola se se for suficientemente humildes. A ideia é voltarmos aos tempos da infância da minha mãe, em que os pobres eram pobres à grande, e os ricos viviam em solares nos quais trabalhavam pobres remediados, com comidinha assegurada desde que fazendo vénias e engolindo cobras. Claro que se percebe porque anda Passos Coelho a ler todas as biografias de Salazar e demais obra.