O fim do mundo é hoje
Muito se irá dizer, nos meios de comunicação, sobre a
Grécia, o Syrisa, a Europa, o euro, os PIG’s, o Norte e o Sul, hoje, e nas próximas semanas, e ao correr dos
discursos surgirá várias vezes a ideia de perigo e de medo do futuro.
Os
discursos são contagiosos e há que assegurar os incautos.
Os gregos não conhecem o futuro, tal como nós, mas
aprenderam uma lição: a União Europeia do grupo fundador pretendeu fazer dos
países do Sul, que se juntaram posteriormente, o seu cordeiro de Deus, ideia tão caduca que nem aos animais serve. Não somos cordeiros, não somos
gado - crescemos muito, pensamos por nós, temos capacidade, ideias, força criativa, e sabemo-lo, portanto, com ou sem
euro, com União Europeia ou sem ela, temos futuro e queremos reconstruir-nos.
Esta é a mensagem que os gregos se preparam para lançar ao
mundo, rompendo com as tradicionais forças políticas que até aqui disputaram o
poder, e elegendo, para os representar, um partido vindo do desconhecido e sem curriculum
ou pergaminhos. Os velhos partidos, conhecem os gregos bem. Já beberam desse
cálice e foram mal servidos. Todos nós temos sido.
Como os discursos são contagiosos e os movimentos de massas
se propagam, espero que os restantes países do Sul meditem igualmente sobre que
futuro querem para si e para os seus filhos, e que reajam. Penso que sim, que
vai acontecer. Acredito que as obsoletas questiúnculas entre direita e esquerda
serão suplantadas pelo desejo fortíssimo, em cada um de nós, de dar o salto
para uma outra realidade na qual tenhamos um nome, não um número.
Esse novo
mundo pode, se quiserem, começar hoje.