Luxo
Cedo tive a consciência de que me seria possível viver com muito pouco. A memória mais antiga dessa consciência remonta aos meus primeiros tempos em Portugal, provavelmente porque vivia com quase nada. Tenho um slide na memória do momento em que vou a pé para a escola, em Alcobaça, e fantasio com uma casa muito modesta, mas muito confortável e quente, no interior. Estou nela sozinha. Tenho livros, plantas e animais. Quem passa fora não tem qualquer ideia da riqueza que existe no interior. Lembro-me bem disto, consigo até visualizar a fachada dessa casa imaginária.
Calor, conforto, abrigo e segurança. Foi isto que desejei.