Frutas de Verão

Em 2017 vendem-se por todo o lado umas amoras compridas, tubulares, que parecem ter feito um implante de silicone; são da variedade triple crown, provenientes de arbusto ou árvore. Não me agradam.
Prefiro sabor doce-seco das rústicas amoras silvestres colhidas nas silvas das bermas comidas ainda mornas do sol, com a sua capa de pó, tal como as encontrei em Portugal quando cá cheguei. Ao contrário do meu primeiro Inverno em Portugal, a estação mais triste da minha vida, tirando outras que estavam para vir, o primeiro Verão encontrei-o fulguroso e sumarento. A minha memória do primeiro verão português, o de 1976 está povoada de pêssegos maduros, ameixas, pêras, figos, amoras. E Portugal, tal como tudo o resto, há de ser sempre a história em que eu quero acreditar.