É fodido

Gosto muito desta foto minha do Público, que ainda por cima amplia o meu olho que não vê. No Público nem tudo é mau. 

O jornalismo em Portugal evoluiu muito. Antigamente tínhamos uma certa liberdade para dar lições de moral num artigo de opinião ou numa crónica, implicitamente. Agora, graças a Qualquer Coisa, já se pode fazê-lo nas notícias. O jornalista não precisa de se sentir limitado pela canga da objetividade informativa e não está obrigado a relatar com neutralidade. Pode opinar diretamente e distribuir bofetadas. Agora, escusamos de ir ao senhor padre para nos penitenciarmos, porque o jornalista trata do castigo imediatamente. Eis como a notícia de hoje, no Público, sobre o festival da canção de ontem, resolve o assunto:

"Depois do intervalo, o primeiro de dois apontamentos humorísticos de Eduardo Madeira – a fazer de busto de Cristiano Ronaldo –, Marta Ren, Ana Bacalhau, Selma Uamusse – cujo apelido serviu para uma infeliz e batidíssima piada do apresentador Pedro Fernandes (sim, nomes que não são europeus são hilariantes e “Uamusse” inclui “mousse”) – e Catarina Salinas, dos Best Youth, subiram ao palco no tributo às Doce que Moullinex engendrou."

Ainda bem que ninguém disse alto que as vencedoras são giras mas têm um certo ar lésbico-clean. Nesse caso é que a casa ia abaixo.Uma pessoa pode sempre pensar tudo, dizer é que não.

Eu já vi o mundo mudar uma carrada de vezes. Quando é para pior, só vos digo: é fodido!